Sessão 1
SGJ
1 - Introdução ao pensamento científico sobre o social.
Fichamento
referente ao texto:
FERREIRA,
Delson. Manual de Sociologia. Dos clássicos à Sociedade da Informação. São Paulo: Atlas, 2003
p. 17
1 – Homem e sociedade
1.1 O conhecimento: característica
fundamental da humanidade
Não há o que caracterize
mais a condição humana do que a capacidade de conhecer, de construir compreensão sobre os meios e os processos necessários
para a organização e a facilitação do ato de viver. O conhecimento, produto da atividade consciente do pensamento, estabelece
a natureza social do ser humano e o condiciona a sua história e a sua cultura.
Ex:
Quem somos, o que é o certo e o errado, etc?
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p. 26
1.2 Teoria do conhecimento:
as diversas formas e tipos de conhecimento
Os estudiosos da Teoria
do Conhecimento identificam formas e tipos diferentes de conhecimento que se interpenetram e completam entre si. Esse trabalho
visa conhecer as condições, os processos e os limites por meio dos quais o conhecimento é construído, em suas mais variadas
modalidades, do mais simples ao mais sofisticado grau de elaboração. O campo desses estudos é delimitado pela epistemologia,
mais especificamente pela epistemologia filosófica.
FORMAS
DO CONHECIMENTO
No
que diz respeito às formas do conhecimento, Martins (1979:137-140) define-as a partir de três conceitos: conhecimento intuitivo,
discursivo e compreensivo.
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Conhecimento
intuitivo
Na
modalidade intuitiva, por meio da intuição seria possível conhecer o objeto sem nenhum outro recurso mediador. O conhecimento
se daria diretamente, pelo contato sensorial do sujeito com o objeto. A intuição sensível forneceria ao sujeito os objetos
de conhecimento existentes na realidade. Nessa concepção, a intuição ideal requereria
o auxílio da intuição sensível, que permitiria o conhecimento imediato, total e unitário do real. A intuição racional foi
elemento fundamental na filosofia de Platão. Já na Idade Média, Agostinho e Tomás de Aquino trabalharam com o conceito de
intuição mística. E, na filosofia moderna, tem-se os conceitos de intuição emocional, com Bergson e Max Scheler, de intuição
volitiva, com Dilthey, e intuição racional, com Husserl e Heidegger.
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Conhecimento discursivo
O conhecimento discursivo seria obtido por meio do raciocínio, entendido como recurso oposto
ao da intuição. Esse conhecimento, conquistado por um processo de compreensões sucessivas e seqüenciais, levaria o sujeito
à essência do objeto do conhecimento, expressando ele mesmo o processo cognoscitivo e o saber obtido.
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Conhecimento
Compreensivo
O conhecimento compreensivo
constituiria o entendimento referente às diversas expressões do espírito
humano. Dilthey sistematizou essa modalidade, uma vez que, para ele, compreender significava passar de uma experiência, ou
de uma exteriorização do espírito, para uma totalidade de atos que formavam a exteriorização do conhecimento do sujeito, sob
as formas de gestos, linguagens e símbolos.
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TIPOS
DE CONHECIMENTO
Quanto aos tipos de conhecimento,
Martins (1979:137-140) defende que o indivíduo, no momento em que desperta para a razão, indaga, interroga, buscando, assim,
o conhecimento. E pergunta: o que é conhecer? Para ele, é representar o real. Nesse sentido, todo e qualquer conhecimento
é uma representação do real, uma interpretação do mundo dos fenômenos. Para melhor se compreender o conhecimento, devem-se,
em sua concepção, considerar seus tipos principais de representação: empírico, mítico, teológico, filosófico e científico.
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Conhecimento
empírico
O conhecimento empírico
pertenceria ao âmbito do senso comum, compreendendo uma interpretação do mundo que é obtida sem discussão ou questionamento
prévio. Em geral, ele não explicaria por que os fenômenos são como se diz que são. Seria manifesto mais pelo inconsciente
do que pelo consciente, sendo mais vivenciado do que propriamente conhecido, no sentido da atividade cognitiva.
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p.27
Conhecimento
mítico
O conhecimento mítico
seria característico do homem primitivo, que não vivenciou outro conhecimento senão este. O mito constituiria uma fantasia
acerca do real, uma crença dotada de poder explicativo limitado. É evidente que cada época, inclusive a moderna, possui seus
mitos, e eles constituem forças fundadoras que movem a História humana. O conhecimento mítico, entretanto, adviria da necessidade
que o homem tem de explicar seu meio e dar soluções a seus problemas ontológicos.
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Conhecimento
teológico
O conhecimento teológico
seria relativo à fé. Dotado da religiosidade, não dependeria das especulações humanas, mas de uma experiência pessoal de vínculo
com a fé. Constituiria aquele conteúdo de verdades a que o ser humano chega, não com o auxilio da inteligência, mas, especialmente,
por meio da aceitação do que é chamado de Revelação Divina, conforme os Livros Sagrados.
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Conhecimento filosófico
O conhecimento filosófico observa os fenômenos, e é uma das suas características a vinculação
com a vivência do ser. Ele é sistemático, elucidativo, crítico e especulativo, constituindo uma busca constante de sentido,
de justificação, de possibilidades, de interpretação sobre tudo que envolve o homem. Esse conhecimento não é atividade que
finda em dado instante, ou que pode-se dar como realizado, concluídos certos procedimentos. Ele é um interrogar constante
sobre o sentido último de cada processo relacionado à vida e ao mundo dos fenômenos.
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Conhecimento científico
O
conhecimento científico é rigoroso, positivo, metódico, experimental, caracterizando-se pelo distanciamento da convivência
do ser. Quando um conhecimento se toma científico, ou se faz ciência? É quando ele indica seu objeto e fala claramente sobre
ele. Esse conhecimento é, pelas dificuldades inerentes a seu processo de construção, privilégio de poucos, uma vez que ele
é planejado, programado, sistemático, obediente a métodos, orgânico, crítico, rigoroso e objetivo, nascendo da dúvida e consolidando-se
na certeza.
Sessão 2
SGJ
2 - Transformações do capitalismo no século XVIII: Revolução Industrial
Texto básico:
MARTINS,
Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1999.
p. 11
1
– O SURGIMENTO
O século XVIII constitui
um marco importante para a história do pensamento ocidental e para o surgimento da sociologia. As transformações econômicas,
políticas e culturais que se aceleram a partir dessa época colocarão problemas inéditos para os homens que experimentavam
as mudanças que ocorriam no ocidente europeu. A dupla revolução que este século testemunha - a industrial e a francesa - constituía
os dois lados de um mesmo processo, qual seja, a instalação definitiva da sociedade capitalista.
Mudança
nas relações de trabalho, formas de conduta etc.
p. 13
Manchester, que constitui
um ponto de referência indicativo desses tempos, por volta do início do século XIX era habitada por setenta mil habitantes;
cinqüenta anos depois, possuía trezentas mil pessoas. As conseqüências da rápida industrialização e urbanização levadas a
cabo pelo sistema capitalista foram tão visíveis quanto trágicas: aumento assustador da prostituição, do suicídio, do alcoolismo,
do infanticídio, da criminalidade, da violência, surto de epidemias de tifo e cólera
que dizimaram parte da população etc.
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p.14
A conseqüência desta crescente
organização foi a de que os "pobres" deixaram ce se confrontar com os "ricos"; mas uma classe específica, a classe operária,
com consciência de seus interesses, começava a organizar-se para enfrentar os proprietários dos instrumentos de trabalho.
Qual a importância desses
acontecimentos para a sociologia?
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p. 16
O surgimento da sociologia,
como se pode perceber, prende-se em parte aos abalos provocados pela revolução industrial, pelas novas condições de existência
por ela criadas. Mas uma outra circunstância concorreria também para a sua formação. Trata-se das modificações que vinham
ocorrendo nas formas de pensamento.
p. 18
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O emprego sistemático
da razão, do livre exame da realidade - traço que caracterizava os pensadores do século XVII, os chamados racionalistas -,
representou um grande avanço para libertar o conhecimento do controle teológico, da tradição, da "revelação" e, conseqüentemente,
para a formulação de uma nova atitude intelectual diante dos fenômenos da natureza e da cultura.
Descartes,
Bacon, Hobbes etc
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p. 20
No entanto, é entre os
pensadores franceses do século XVIII que encontramos um grupo de filósofos que procurava transformar não apenas as velhas
formas de conhecimento, baseadas na tradição e na autoridade, mas a própria sociedade. Os iluministas, enquanto ideólogos
da burguesia, que nesta época posicionava-se de forma revolucionária, atacaram com veemência os fundamentos da sociedade feudal,
os privilégios de sua classe dominante e as restrições que esta impunha aos interesses econômicos e políticos da burguesia.
Condorcet,
Montesquieu, Voltaire etc.
As instituições
feudais eram irracionais e injustas e atentavam contra a natureza do indivíduo (dotado de razão, possuidor de uma perfeição
inata e destinado à liberdade e à igualdade social).
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p. 24
O objetivo da revolução
de 1789 não era apenas mudar a estrutura do Estado, mas abolir radicalmente a antiga forma de sociedade, com suas instituições
tradicionais, seus costumes e hábitos arraigados, e ao mesmo tempo promover profundas inovações na economia, na política,
na vida cultural etc.
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p. 29
A partir da terceira década
do século XIX, intensificam-se na sociedade francesa as crises econômicas e as lutas de classes. A contestação da ordem capitalista,
levada a cabo pela classe trabalhadora, passa a ser reprimida com violência, como em 1848, quando a burguesia utiliza os aparatos
do Estado, por ela dominado, para sufocar as pressões populares. Cada vez mais ficava claro para a burguesia e seus representantes
intelectuais que a filosofia iluminista, que passava a ser designada por eles como "metafísica", "atividade crítica inconseqüente",
não seria capaz de interromper aquilo que denominavam estado de "desorganização", de "anarquia política" e criar uma ordem
social estável.
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p. 31
Procedendo
dessa forma, ou seja, tentando instaurar um estado de equilíbrio numa sociedade cindida pelos conflitos de classe, esta sociologia
inicial revestiu-se de um indisfarçável conteúdo estabilizador, ligando-se aos movimentos de reforma conservadora da sociedade.
Na
concepção de um de seus fundadores, Comte, a sociologia deveria orientar-se no sentido de conhecer e estabelecer aquilo que
ele denominava leis imutáveis da vida social, abstendo-se de qualquer consideração crítica, eliminando também qualquer discussão
sobre a realidade existente, deixando de abordar, por exemplo, a questão da igualdade, da justiça, da liberdade. Vejamos como
ele a define e quais objetivos deveria ela perseguir, na sua concepção (física social):
Não será esta sociologia,
criada e moldada pelo espírito positivista, que colocará em questão os fundamentos da sociedade capitalista, já então plenamente
configurada.
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